No último dia segunda-feira (18), o plenário da Câmara Municipal de Registro foi palco de uma celebração diversa e emocionante pelo Dia da Consciência Negra. Com a presença marcante de representantes da cultura negra, como jovens do hip-hop, sacerdotes e sacerdotisas de religiões de matriz africana, artistas, professores e ativistas, o evento reafirmou a importância da luta contra o racismo e o fortalecimento da identidade afro-brasileira.
Durante a sessão, três Moções de Aplausos, apresentadas pela vereadora Sandra Kennedy, foram aprovadas por unanimidade, destacando a cultura negra e ações de combate ao preconceito.
A primeira Moção de Aplausos foi dedicada às mulheres negras, representadas pela professora Juceli Carla S. de Oliveira, presidenta do Centro de Cultura Afro-Brasileira Opará. Com projetos como o Afoxé Opará, o Balé Afro Odara e a Capoeira, Juceli também é conhecida como Ialorixá Juceli Ty Oya, líder espiritual do Ilê Axé Oyá Onira.
Em sua fala, a vereadora Sandra Kennedy enfatizou o papel de resistência dos terreiros: “Não se trata de religião ou de fé, mas de respeito à diversidade e combate ao preconceito. É nossa responsabilidade, enquanto sociedade, garantir que religiões de matriz africana sejam respeitadas da mesma forma que outras crenças, como o budismo, que é valorizado inclusive no turismo local.”
As outras duas Moções de Aplausos enalteceram o movimento cultural do hip-hop em Registro, por meio das iniciativas Batalha do Buda e Batalha da Flor.
A Batalha do Buda, representada por Gustavo Marques, já realizou mais de 150 edições, promovendo a arte das rimas e dando visibilidade aos jovens artistas. Gustavo destacou a importância do movimento como uma ferramenta de transformação social: “As batalhas ajudam jovens a se expressarem, melhorarem a leitura e a dicção, além de afastá-los do crime. É um sonho poder viver dessa arte e ajudar nossas comunidades.”
A Batalha da Flor, homenageada através de Pedro Manzo, reforçou o papel do hip-hop como espaço de debate sobre temas sociais, como violência policial, questões políticas e religiosas. “O hip-hop é uma voz da juventude que desafia opressões e celebra a liberdade de expressão”, afirmou Pedro.
A sessão também foi marcada por momentos emocionantes. A vereadora Sandra Kennedy trouxe à tona o caso recente da jovem negra grávida, morta pela Polícia Militar em Minas Gerais, ao tentar proteger seu irmão autista. Sandra denunciou o racismo estrutural e a violência policial, apontando a urgência de ações para combater essas injustiças.
A noite na Câmara Municipal de Registro foi simbólica e potente, reafirmando o protagonismo da cultura negra e a luta contra a intolerância religiosa e o racismo. O reconhecimento das expressões culturais e espirituais afro-brasileiras, historicamente invisibilizadas, representou um passo importante na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
“Resistir é celebrar nossa história, nossa cultura e nossa luta por um Brasil mais igualitário”, concluiu Sandra Kennedy, sob aplausos do plenário.
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